É irónico observar como um estudo influenciado pelo ambiente político igualitário dos anos 70 acabou por expor, ainda que involuntariamente, a realidade que a direita sempre defendeu: a natureza humana não é infinitamente moldável e as hierarquias naturais não podem ser dissolvidas por engenharia social.
Olhemos para o Minnesota Transracial Adoption Study, conduzido por Sandra Scarr e Richard A. Weinberg (1976), que analisou o desempenho do quociente de inteligente de crianças eurodescentes, asiodescendente, afrodescentes e de ascendência mista criadas em lares eurodescentes de classe média.
Na teoria, o estudo deveria ter sido recebido com entusiasmo por uma esquerda ansiosa em demonstrar que o ambiente socioeconómico poderia nivelar qualquer diferença entre grupos. Afinal, para a mentalidade moderna, enraizada no igualitarismo liberal do pós-II Guerra, bastaria colocar qualquer criança não europeia num lar europeu de classe média para que, magicamente, ela se comportasse da mesma forma.
Porém, a realidade mostrou-se menos conveniente: enquanto o QI das crianças afrodescendentes aumentou com o tempo em relação à média “afro” a nível nacional, permanecendo em torno de 90 (distante dos 110 das crianças europeias e 100 das mestiças), as diferenças persistiram apesar do ambiente privilegiado.
Aqui reside a primeira grande humilhação para os igualitaristas: o ambiente, embora influente, não conseguiu apagar o que está inscrito na própria constituição do ser humano.
A Tradição que herdamos permitiu-nos reconhecer que as diferenças entre grupos humanos não são apenas económicas ou “sociais”, mas radicam-se em níveis mais profundos, biológicos e espirituais. A tentativa moderna de negar tal noção é pura engenharia social, típica da arrogância contemporânea daqueles que se acham deuses.
O Minnesota Transracial Adoption Study é, na verdade, um produto da mentalidade decadente que os tradicionalistas denunciaram como própria do Kali-Yuga, numa obsessão materialista que reduz tudo a números, gráficos e estatísticas, negando as hierarquias qualitativas dos seres.
Medir a inteligência humana apenas e exclusivamente pelo QI já é, por si só, uma possível forma ou sintoma de involução espiritual. Uma eventual obsessão com esta medição é pouco saudável, embora menos prejudicial quando comparada com aqueles que a renegam. É uma medida padronizada legítima que compara o desempenho cognitivo de um indivíduo com o de uma população de referência, permitindo assim a análise a capacidades cognitivas específicas, como raciocínio lógico, a memória, a resolução de problemas e até a compreensão verbal, embora sem uma completa medição da inteligência humana, como a criatividade ou a inteligência emocional.
Para um tradicionalista, as diferenças raciais e culturais devem expressar não apenas graus diferentes de capacidade lógica e interação no mundo material, mas formas distintas de relação com o transcendente e de organização civilizacional.
A esquerda, claro, tenta salvar a sua face na narrativa, culpando o “racismo sistémico” dos testes, como se tais fatores fossem a explicação única para diferenças que se mantêm em qualquer estudo minimamente controlado. Esta é a velha desculpa igualitarista da esquerda: quando os factos não se encaixam no dogma, inventa-se um bode expiatório.
O mais interessante é que, mesmo com todas as condições favoráveis que a esquerda quer padronizar para todos (na teoria), as diferenças continuaram. Se o ambiente fosse tudo, as crianças não europeias deveriam ter atingido os mesmos resultados que as europeias.
E o determinismo biológico?
Evola falava da “raça do espírito” (razza dello spirito), que transcende o determinismo genético, mas que se manifesta de forma coerente com a constituição física e cultural dos povos.
Cada povo tem uma vocação própria, uma relação única com o mundo que o rodeia e com o divino. A noção de “master race” ou “raça suprema” entra em choque com a realidade das interações dos povos com os solos que os viram crescer e evoluir.
Por exemplo, um africano tribalizado na África subsariana desenvolveu competências tradicionais (transmitidas de geração em geração pela via da educação e genética) que permitiram uma adaptação ao meio que o rodeia, quando comparado com um coreano corporativizado colocado no meio da savana.
Se colocarmos um corredor tribal num escritório corporativo moderno, ele será ineficiente, inútil e incapaz de produzir valor que justifique a sua existência através de um salário que garanta a manutenção da sua vida (numa perspetiva capitalista). Se colocarmos um trabalhador de escritório coreano no meio da savana, ele é menos rápido, resistente e torna-se facilmente numa presa em vez de um predador. Qual dos dois é superior? Depende das circunstâncias e da meta. O QI é importante, mas não é tudo.
Transplantar crianças afrodescendentes para lares eurodescendentes como se fossem plantas exóticas é um ato profundamente anti tradicional. Esta é a infeliz tentativa moderna de dissolver identidades em nome de um multiculturalismo universal e igualitário que, no fundo, odeia tudo o que é particular, distinto e hierárquico.
A esquerda, ao insistir no negacionismo e apegar-se a casos excecionais certamente existentes, acaba por prometer uma igualdade geral que não pode existir.
Crítica
Se por um lado a natureza humana não é infinitamente moldável, as hierarquias naturais são indestrutíveis e cada povo tem a sua vocação própria.
Ao reduzir todo o valor do “Ser” a números de QI, podemos cair no mesmo vício moderno que afirmamos combater. A hierarquia holística dos povos não se reduz apenas a pontos de QI, pois engloba a capacidade de construir civilizações elevadas e manter-se fiel à sua essência espiritual. O materialismo utilitarista, que mede os homens como máquinas de produtividade, não é um bom standard.
Finalmente, a esquerda pode continuar a gritar “racismo” sempre que alguém menciona estas verdades, mas isso não muda os factos nem tem de condicionar o público de direita a agir de uma determinada maneira. Como sempre, a realidade, mesmo quando ignorada, acaba por vingar-se.
Referências
1 – Scarr, S., & Weinberg, R. A. (1976). IQ test performance of Black children adopted by White families. American Psychologist, 31(10), 726–739.
2 – Scarr, S., & Weinberg, R. A. (1986). IQ test performance of Black children adopted by White families: A follow-up. Intelligence, 10(1), 1–17.
3 – Weinberg, R. A., Scarr, S., & Waldman, I. D. (1992). The Minnesota transracial adoption study: A follow-up. Intelligence, 16(1), 117–135.
4 – Evola, J. (1995). Gli Uomini e le Rovine. Roma: Edizioni Mediterranee.
5 – Guénon, R. (1945). O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos. Lisboa: Vega.
6 – Minesota.docx – Relatório Académico sobre o Minnesota Transracial Adoption Study.